Pesquisadores da Faculdade de Veterinária (Favet) da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) em parceria com cientistas da Associação Mata Ciliar e do Zoológico de Cincinnati, em Ohio (EUA), anunciaram o nascimento do primeiro filhote de onça-pintada do mundo, fruto de inseminação artificial.
Segundo Regina Célia Rodrigues da Paz, professora e pesquisadora da UFMT, “O nascimento do filhote é um marco importante e revigora a possibilidade de usar a reprodução assistida como uma ferramenta conservacionista”.
A inseminação foi possível graças ao desenvolvimento de um procedimento que sincroniza o cio do animal aos chamados hormônios exógenos, importante no processo de reprodução. Também foram adotadas técnicas de inseminação por videolaparoscopia e um monitoramento não-invasivo da fecundação.
“A coleta de sêmen e a Inseminação Artificial podem ser usadas para propagar pares geneticamente valiosos que não podem se reproduzir naturalmente devido a problemas comportamentais ou deficiência física. Essa abordagem também pode promover a conectividade entre felídeos que vivem em zoológico e na natureza, possivelmente revigorando a diversidade genética de ambas as populações”, explica a pesquisadora.
“Após a inseminação com sêmen fresco, a fêmea pariu um único filhote saudável após 104 dias de gestação. Monitoramento remoto por vídeo mostrou cuidados maternos adequados nos primeiros dias após o nascimento. Infelizmente, o filhote foi morto pela mãe dois dias após o nascimento, o que não é incomum para carnívoros mantidos em cativeiro”, conclui.
Entre os cientistas responsáveis pelo feito estão Cristina Adania, Priscila Yanai e Jéssica Paulino, da Associação Mata Ciliar, Bill Swanson e Lindsey Vansandt, do Zoológico de Cincinnati.
De acordo com uma nota divulgada pela Universidade Federal de Mato Grosso, graças à caça ilegal e à supressão de habitats naturais, o número de onças-pintadas foi reduzido substancialmente no Brasil.
Hoje a espécie Panthera onca é classificada pela comunidade científica como “quase ameaçada [de extinção]”, com uma tendência de queda na população na América Latina.
(FOTO: ASSOCIAÇÃO MATA CILIAR / FACEBOOK)