“O tempo não existe” é a principal afirmação do físico italiano Carlo Rovelli, considerado por muitos como o novo Stephen Hawking. O cientista pop da Itália promove a verdadeira ideia de que o tempo como convencemos é apenas uma convenção, mas no fundo, não existe.
Tudo começou em um TedTalk em 2012, quando Rovelli fez a palestra “O Tempo Não Existe E Te Provo Isso Em 15 Minutos”.
Resumidamente, a ideia de Rovelli é que o tempo é um referencial útil apenas para nós aqui da Terra. Assim como a noção de ‘baixo e cima’, o tempo só faz sentido aqui na Terra.
Em outros lugares do universo, a massa extremamente grande ou absolutamente pequena não pode ser medida com a lógico temporal da Terra.
Ao pensar através da relação entre gravidade e tempo, Rovelli percebeu que a contabilização e percepção do tempo se dá um função do tamanho das coisas. Para nós, faz sentido o tempo do Sol. Porque o tempo é, no fim das contas, a relação entre dois objetos no espaço. Pensemos:
Usain Bolt, por exemplo, correu 100 metros de um ponto ao outro em 9,58 segundos no seu recorde olímpico. Esses 9 segundos foram calculados por um relógio. Que foi programado em função da definição de segundos, que foram definidos como “a duração de 9 192 631 770 períodos da radiação correspondente à transição entre os dois níveis hiperfinos do estado fundamental do átomo de césio-133”. Tudo está em relação a algo e toda nossa percepção de tempo está relacionada ao mundo em que vivemos.
Mas assim como ’em cima’ e ’em baixo’ não fazem sentido para um astronauta no espaço sideral, a noção de tempo que temos na humanidade deixa de significar alguma coisa quando olhamos para o universo.
“Se quisermos aprender mais sobre o universo, temos que mudar a nossa visão do tempo. Porque o que costumamos chamar de “tempo”, sem pensar muito sobre o que isso significa, é realmente um emaranhado de fenômenos diferentes. O tempo pode parecer simples, mas é realmente complexo: ele é feito de muitas camadas, algumas das quais são relevantes apenas para certos fenômenos, e não para outros”, afirma Rovelli à BBC Mundo.
Além disso, ele afirma que o tempo corre diferentemente de acordo com as relações gravitacionais. Caso tivéssemos relógios realmente precisos, conseguiríamos perceber que, a diferir da altitude, o tempo passa de forma muito diferente a depender da gravidade que o impacta.
“O tempo corre em velocidades diferentes para pessoas diferentes, dependendo de onde estão e como se movem. Portanto, eu poderia me separar de meus filhos e reencontrá-los em um tempo que significa apenas um ano para mim, mas 50 anos para eles. Nesse cenário, eu ainda sou jovem e eles envelheceram. Isso certamente é possível. O motivo pelo qual normalmente não vivenciamos esse tipo de experiência é apenas que nossa vida na Terra se move numa velocidade lenta entre nós e, nesse caso, as diferenças de tempo são pequenas”, completa o cientista.
(FOTO: HYPENESS)