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Rio Grande do Sul tem três casos de síndrome infantil que pode estar associada ao coronavírusRio Grande do Sul tem três casos de síndrome infantil que pode estar associada ao coronavírus

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Publicado em 22/08/2020, Por GaúchaZH

A síndrome foi identificada em três meninas residentes nos municípios de Novo Hamburgo, Porto Alegre e Tenente Portela. De acordo com a SES, antes da pandemia, casos desta síndrome não tinham o registro compulsório junto à pasta. As primeiras notificações ocorreram no dia 8 de agosto.

Os casos registrados são:

  • Menina, 6 anos, Novo Hamburgo, em 8 de agosto
  • Menina, 2 anos, Tenente Portela (internada em Passo Fundo)
  • Menina, 6 anos, Porto Alegre (internada desde o início de agosto)

Ainda não há informações sobre o estado de saúde das crianças e se elas tiveram a confirmação para a covid-19. 

Por enquanto, pouco se sabe sobre esse quadro clínico, que apresenta diversos sintomas, atinge vários órgãos do corpo e, se não tratado correta e precocemente, pode matar. Descrita como síndrome inflamatória multissistêmica (SIM-P), o quadro clínico é, possivelmente, uma reação grave e tardia à infecção pelo coronavírus. A condição pode afetar crianças e adolescentes de zero a 19 anos, mas há Estados brasileiros que monitoram o quadro até 21 anos.

No Brasil, o Ministério da Saúde publicou nota de alerta sobre a síndrome em maio e passou a fazer o monitoramento em julho.

É possível que haja subnotificação, pelo atraso no envio e atualização de dados ou pela dificuldade de diagnósticos. O ministério reconhece que "por se tratar de uma nova apresentação clínica, ainda pouco conhecida, e de características muito semelhantes à Síndrome rara de Kawasaki, é possível que se tenha subnotificações de casos relacionados temporalmente à infecção pelo Sars-CoV-2".

Segundo o jornal Estado de S.Paulo, há casos registrados dessa síndrome em ao menos 14 Estados e no Distrito Federal.

Os primeiros relatos da SIM-P foram registrados em países da Europa no final de abril, quando os serviços de saúde do Reino Unido e da França reportaram alguns casos. No começo de maio, foi noticiado um número de 15 crianças hospitalizadas em Nova York.

 

Sintomas

Geralmente, a febre é o primeiro indício da condição, que pode estar acompanhada de dor no corpo, fraqueza muscular, dor de garganta, de cabeça e abdominal, além de diferentes manifestações gastrointestinais. E como o próprio nome diz, a síndrome é multissistêmica é pode afetar vários órgãos e sistemas do organismo, como coração e sistema nervoso central.

— Como toda doença de notificação, tem delay entre a internação e o profissional de saúde fazer a notificação e coletar a notificação. É natural que tenha defasagem de números e podemos ter quadros que não foram identificados — diz Marco Aurélio Sáfadi, presidente do Departamento de Infectologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).

No dia 7 de agosto, a entidade publicou nota de alerta para a necessidade de notificação obrigatória da SIM-P em todo o Brasil.

— A covid, claramente, tem subnotificação porque alguns casos são leves, assintomáticos, ainda não há disponibilidade suficiente de teste. No caso da síndrome, são poucos casos e casos que precisam de hospitalização. A tendência é que a subnotificação seja branda.

Saulo Duarte Passos, professor titular de pediatria da Faculdade de Medicina de Jundiaí, também prevê subnotificação de casos da SIM-P e reforça a necessidade de atenção e vigilância.

— O nosso sistema de notificação ainda é precário. Precisa de envolvimento maior das autoridades, dos profissionais de saúde, de sensibilização maior de todos.

 

Semelhança com outra doença

Um fator que pode comprometer a correta notificação dos casos é a semelhança que a SIM-P tem com a síndrome de Kawasaki. Sáfadi explica que ambas podem ser confundidas por apresentarem sintomas parecidos, mas a faixa etária acometida e as manifestações mais intensas na síndrome identificada após a covid-19 podem ajudar a diferenciar um quadro do outro. E como ela afeta vários órgãos e sistemas do corpo, pode ainda ser classificada como outra doença.

Passos destaca que o que pode distinguir as condições é a chamada tempestade de interleucina, substância que é a base da cadeia inflamatória na covid-19 e responsável pela inflamação nos pulmões.

— O ideal é que tivéssemos um marcador de diagnóstico (para a SIM-P), mas não tem um exame nem existirá. Depende da sensibilidade clínica do profissional de saúde — afirma Sáfadi.

(FOTO: FREEPIK)